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sábado, 29 de setembro de 2012

BARROCO- PADRE ANTÔNIO VIEIRA


Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia de Jesus. Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos. 

Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do BARROCO, Padre Antônio Vieira é conhecido por seus sermões polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos colonos portugueses, a influência negativa que o Protestantismo exerceria na colônia, os pregadores que não cumpriam com seu ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários católicos) e a própria Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua evangelização, condenando os horrores vivenciados por eles nas mãos de colonos e os cristãos-novos (judeus convertidos ao Catolicismo) que aqui se instalaram. Famoso por seus sermões, padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever cartas e profecias.
Podemos dividir sua obra em:
Profecias – constam de três obras: História do futuro, Esperanças de Portugal e Clavis prophetaru.
Cartas – são cerca de 500 cartas, que versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos-novos.
Sermões – são quase 200 sermões, um dos principais dentre eles é o Sermão da sexagésima (ou A palavra de Deus), pregado na Capela Real de Lisboa em 1655.
Sermão da Sexagésima (1655):
O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terreno a culpa é única e exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. Leia um trecho do sermão:
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)

Amanda Felix

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Barroco


O conflito Paganismo X Cristianismo marcou o século XVII e a Contrarreforma tentava restaurar a fé católica abalada desde o fim da idade média pelo Renascimento, assim então, surge o Barroco como expressão desse conflito.
A poesia de Gregório de Matos caracteriza os conflitos humanos daquela época, ora sendo sarcástica e erótica, ora é religiosa, mostrando culpa e arrependimento. Porém o que iremos analisar é o seguinte poema de Gregório de Matos:

01 - A Nosso Senhor Jesus Christo com actos de arrependimento e suspiros de amor
Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.

Maldade que encaminha à vaidade,
Vaidade que todo me há vencido.
Vencido quero ver-me e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.

Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços que me rendem vossa luz.

Luz que claro me mostra a salvação,
A salvação pertendo em tais abraços,
Misericórdia, amor, Jesus, Jesus.
                                                                 Gregório de Matos.
Este poema expressa arrependimento e a preocupação com a salvação da alma. Muitos historiadores veem como uma das tendências básicas no estilo Barroco o Cultismo que nada mais é o jogo de palavras, a arrumação metafórica do texto, preciosismo vocabular, erudição, rebuscamento da forma, ou seja, o que estava em pauta era a habilidade verbal do escritor e essa supervalorização da forma é mais comum na poesia. Repare o extremo cuidado formal que o autor teve repetindo o final de cada verso no começo do seguinte:
Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
O cultismo empregado dá mais ênfase ao sentimento de culpa e de desgraça causado pelo pecado cometido. Pelo poema percebemos que este estado de culpa é o arrependimento e que em seguida há a súplica pela salvação. As dúvidas, os conflitos e as incertezas deste período é o que criou o Barroco.
Suyane Lanuze


Luís Vaz de Camões


Luís Vaz de Camões não deixou muitas informações sobre sua origem, onde nasceu, quando? 
Nosso conhecimento sobre o mesmo se restringe as meras deduções. 
Ganhou-se muito dinheiro? Acredita-se que não. Se for levado em conta que foi sepultado do lado de fora de um cemitério e graças à Companhia dos Cortesãos, que paga as despesas do funeral. No entanto após a sua morte cresce o interesse pelos seus poemas os quais apenas três foi publicado em vida. Contudo deixou um vasto acervo que podem ser apreciado até hoje. Observe:

"Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso dos meus anos;
Dei causa a que a fortuna castigasse
As minhas mais fundadas esperanças.
De amor não vi se não breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!"


Evilasio B. dos Santos Junior

BARROCO


                 Segundo alguns autores, a palavra “barroco” deriva da palavra “verruca” do latim, que significa elevação de terreno em superfície lisa. Toda pedra preciosa que não tinha forma arredondada era chamada de barrueca. Logo após, toda e qualquer coisa que possuía forma bizarra, que fugia do normal, era chamada de baroque. O poeta italiano Giosuè Carducci foi quem, em 1860, adjetivou o estilo da época dos Seiscentos, referindo-se às manifestações artísticas ocorridas a partir do ano de 1600, como sendo barroco. Então, apesar de não possuir características unânimes em todas as obras, o barroco passou a ser a denominação dos artistas e escritores da referida época.

                  A publicação, em 1601, do poema Prosopopéia, de Bento Teixeira, marca o início da literatura barroca no Brasil.

Prosopopéia é um poema de 94 estrofes que exalta, de forma exacerbada, a figura de Jorge de Albuquerque Coelho, segundo donatário da capitania de Pernambuco.
Influenciado por Camões, Bento Teixeira transcreve em seu poema Prosopopéia inúmeros trechos de Os Lusíadas, estabelecendo, desta forma, um vínculo estreito entre a literatura brasileira e a literatura portuguesa do período
.
               
                 Em termos estilísticos, a literatura barroca em linhas gerais dedicou um profundo cuidado à forma e ao virtuosismo linguístico no intuito de maravilhar e convencer o leitor, o que implicava o uso constante de figuras de linguagem e outros artifícios retóricos, como a metáfora, a elipse, a antítese, o paradoxo e a hipérbole, com grande atenção ao detalhe e à ornamentação como partes essenciais do discurso e como formas de demonstrar erudição e bom gosto.


Temas frequentes na Literatura Barroca
- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;
- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;
- castigo, como decorrência do pecado;
- arrependimento;
- narração de cenas trágicas;
- erotismo;
- misticismo;
- apelo à religião.   

                 O homem se vê colocado entre o céu e a terra, consciente de sua grandeza mas atormentado pela ideia de pecado e, nesse dilema, busca a salvação de forma angustiada. Os sentimentos se exaltam, as paixões não são mais controladas pela razão, e o desejo de exprimir esses estados de alma vai se realizar por meio de antíteses, paradoxos e interrogações. Essa oscilação que leva o homem do céu ao inferno, que mostra sua dimensão carnal e espiritual, é uma das principais características da literatura barroca
No Barroco brasileiro destacam-se os autores: Padre Antônio Vieira com suas obras de profecias, cartas e sermões e Gregório de Matos Guerra, essencialmente poético.




Evelyn Andressa

Pe. Antônio Vieira


“Religioso, escritor, filósofo, pregador, orador e político”
Antônio Vieira nasceu em 1608, em Lisboa. Em 1614, aos 6 anos de idade, veio para o Brasil com a família. Em maio de 1923 ingressou na Companhia de Jesus como noviço. Foi ordenado sacerdote em 1635, é Mestre em Artes e exerce a função de pregador. Destacou-se como missionário em terras brasileiras. Em 1697, morre na Baía, no dia 18 de julho, com 89 anos.
Sem dúvida Antônio Vieira foi um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política e pregação. Sempre defendendo os direitos humanos dos povos indígenas, os judeus, a abolição da distinção dos cristãos-novos e cristão-velhos e a abolição da escravatura. Destacou-se entre os sacerdotes por estar sempre lutando pelo humanismo, por essa razão também sofreu vários ataques da Inquisição.
Podemos dividir a obra de padre Antônio Vieira em profecias, constituintes de três obras: História do Futuro Esperança de Portugal e Clavis Prophetarum; cartas, cerca de quinhentas que trataram sobre a relação de Portugal e Holanda; sermões, aproximadamente duzentos sermões com caráter barroco que trata os assuntos religiosos de maneira racional e lógica.
Possui considerável importância na literatura barroca brasileira e portuguesa, pois suas obras talentosas sempre demonstraram não só caráter religioso, como também interesse nos transes da vida e na defensão dos excluídos da sociedade.
A sedução dos seus raciocínios, a riqueza de seus textos, os paradoxos efeitos que ainda hoje exerce influência em seus leitores, o tom combativo de suas prosas tornaram a arte de Antônio Vieira esplêndida.

                                                                                                               Valdenísia Serafim

Nós somos o que fazemos. O que não se faz nao existe. Portanto, só existimos quando fazemos. Nos dias que não fazemos, apenas duramos

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

LUIS VAZ DE CAMÕES



Quem foi 
Sabe-se que o maior poeta português, Luís Vaz de Camões, nasceu provavelmente em Lisboa, por volta de 1524 e pertenceu a uma família da pequena nobreza, de origem galega.
Este poeta do Clacissismo português possui obras que o coloca a altura dos grandes poetas do mundo. Seu poema épico Os Lusíadas divide-se em dez cantos repartidos em oitavas. Esta epopéia tem como tema os feitos dos portugueses: suas guerras e navegações. Dono de um estilo de vida boêmio, este escritor lusitano foi freqüentador da Corte, viajou para o Oriente, esteve preso, passou por um naufrágio, foi também processado e terminou em miséria. Seus últimos anos de vida foram na mais completa pobreza. 
A bagagem literária deixada pelo escritor é de inestimável valor literário. Ele escreveu poesias líricas e épicas, peças teatrais, sonetos que em sua maior parte são verdadeiras obras de arte.
Criador da linguagem clássica portuguesa,  teve seu reconhecimento e prestígio cada vez mais elevado a partir do século XVI. Faleceu em Lisboa, Portugal, no ano de 1580. Seus livros vendem milhares de exemplares atualmente, sendo que foram traduzidos para diversos idiomas (espanhol, inglês, francês, italiano, alemão entre outros). Seus versos continuam vivos em diversos filmes, músicas e roteiros.
Obras de Camões
1572- Os Lusíadas

Lírica
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
1595 - Verdes são os campos
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 - Sobolos rios que vão
1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
1595 - Alma minha gentil, que te partiste
1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso

Teatro
1587 - El-Rei Seleuco.
1587 - Auto de Filodemo.
1587 - Anfitriões 

Ana Lídia 

Como são formados os versos decassílabos


O decassílabo é classificado em função das posições das sílabas tônicas que lhe determinam o ritmo.
O Decassílabo é um verso com dez sílabas, que apresenta quatro tipos  com nomes próprios especiais: Heróico, Sáfico, Gaita Galega e Arte Maior. Exemplos:    
Eu / a / pre / sen / to-He / rói  / co / ver / so-a / qui  - 6-10  
( Note acima que, as sílabas “to + He”, mesmo com a presença da consoante “h”  assumem a característica de um ditongo).
O verso Sáfico apresenta sílabas tônicas nas posições 4, 8 e 10:
Pra / te / di / zer / que-a / go / ra-es /  / mais /  / fi / co -  4-8-10.
O verso referente à Arte Maior apresenta as sÍlabas nas posições 2,5,8 e 10.
Di/  an / te / de-um / Ar / te / Ma ior / as/ sim   -  2-5-8-10.
O verso Gaita Galega (ou Moinheira)Apresenta tônicas nas posições 4, 7 e 10:

Dei/xá-a/ci/da/de/,for/mo/as/mo/re/na – 4-7-10.

"Conceito dos Versos - Rimas - Métrica"
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO VERSO EM PORTUGUÊS
Você é quem escolhe, pode preferir futebol, pescar, ouvir ou tocar música etc porém se preferir poesias, você deve ter noção, de todos as coisas escritas aqui,  caso seja só um amante da poesia, como no futebol,  deve conhecer pelo menos as regras básicas deste esporte.  
Dando um passo adiante,  se pretende compor poesias, deve saber todas estas coisas escritas aqui de cor e salteado, cada letra, cada detalhe,  e quando pretender fazer uma poesia deve usar todos estes recursos, sem o que, 
você poderá ser tudo, menos um poeta... !!!

 


Fontes: http://mpbsapiens.com/decassilabo/
Wellington Brandão

domingo, 16 de setembro de 2012

Gil Vicente



É considerado o primeiro grande dramaturgo português, não se sabe ao certo quando nasceu ou morreu, mas suas obras marcam a passagem da Idade Média para o Renascimento. Ele popularizou o teatro, porque os atores que representavam suas peças vinham do povo, além de trazer á cena todos os representantes das classes socias que faziam parte daquela sociedade. Suas peças tinham temáticas religiosas e críticas sociais, ele conseguiu democratizar o teatro levando suas peças para além das igrejas. Entre suas obras destacam-se O Auto da Lusitânia e a Trilogia das Barcas.
Apesar de ter sido escrito há mais de 500 anos atrás, o trecho a seguir que faz parte do Auto da Lusitânia (uma peça escrita por Gil Vicente em 1529 e representada pela primeira vez em 1532, na corte de D. João III, rei de Portugal, por ocasião do nascimento de seu filho, o príncipe D. Manuel.) mostra uma atualidade do texto, impressionante, pois parece que ele estar referindo-se a sociedade Conteporânea.
 O auto da Lusitânia aborda a origem mítica de Portugal. Na segunda parte assiste-se ao casamento de Portugal com a princesa Lusitânia. Dinato e Berzebu, encarreguados de relatar a Lúcifer tudo o que se passa, escutam o diálogo entre Todo o Mundo e Ninguém.
O autor deu o nome de Todo o Mundo e Ninguém às suas personagens principais desta cena. Pretendeu com isso fazer humor, caracterizando o rico mercador, cheio de ganância, vaidade, petulância, como se ele representasse a maioria das pessoas na terra (todo o mundo). E atribuindo ao pobre, virtuoso, modesto, o nome de (Ninguém), para demonstrar que praticamente ninguém é       assim no mundo.





Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:

Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
                         delas não posso achar,
                         porém ando porfiando
                         por quão bom é porfiar.
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
                         e meu tempo todo inteiro
                         sempre é buscar dinheiro
                         e sempre nisto me fundo.
Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
               e busco a consciência.
Belzebu: Esta é boa experiência:
             Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
              e Todo o Mundo dinheiro.
Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
               que tope com ela já.
Belzebu: Outra adição nos acude:
              escreve logo aí, a fundo,
              que busca honra Todo o Mundo
              e Ninguém busca virtude.
Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?
Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
                         tudo quanto eu fizesse.
Ninguém: E eu quem me repreendesse
               em cada cousa que errasse.
Belzebu: Escreve mais.
Dinato: Que tens sabido?
Belzebu: Que quer em extremo grado
              Todo o Mundo ser louvado,
              e Ninguém ser repreendido.
Ninguém: Buscas mais, amigo meu?
Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.
Ninguém: A vida não sei que é,
               a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Dinato: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida:
              Todo o Mundo busca a vida
              e Ninguém conhece a morte.
Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
                         sem mo Ninguém estorvar.
Ninguém: E eu ponho-me a pagar
               quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Dinato: Que escreverei?
Belzebu: Escreve
              que Todo o Mundo quer paraíso
              e Ninguém paga o que deve.
Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
                         e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo
               sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
              não sejas tu preguiçoso.
Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
              E Ninguém diz a verdade.
Ninguém: Que mais buscas?
Todo o Mundo: Lisonjear.
Ninguém: Eu sou todo desengano.
Belzebu: Escreve, ande lá, mano.
Dinato: Que me mandas assentar?
Belzebu: Põe aí mui declarado,
              não te fique no tinteiro:
              Todo o Mundo é lisonjeiro,
              e Ninguém desenganado.





Nagiane Guedes.

Luiz Vaz de Camões e "Os Lusíadas"


   Luiz Vaz de Camões que nasceu em Lisboa foi considerado uma das maiores figuras da literatura portuguesa.Viveu na fase final do Renascimento europeu (período de varias mudanças onde uma das maiores foi o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna).suas produções dividem-se em gênero épico, lírico e teatral.
   Famoso por seus sonetos que não possuem  título mais sim números, e por suas redondilhas , "Os Lusíadas" foi sua obra que mais destacou-se .Considerada a epopéia portuguesa por excelência, narrando  a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança.Todos os  seus dez cantos somam 1 102 estrofes num total de 8 816 versos decassílabos.
   Foi uma figura muito importante pois seus trabalhos influenciaram de forma consideravelmente grande não só a Literatura mas a sociedade como um todo.

Valéria Ramos Pacheco



Os Lusíadas - Inês de Castro, de Luís Vaz de CAMÕES



Inês de Castro é um episódio lírico-amoroso que simboliza a força e a veemência do amor em Portugal. O episódio ocupa as estâncias 118 a 135 do Canto III de Os Lusíadas e relata o assassinato de Inês de Castro, em 1355, pelos ministros do rei D. Afonso IV de Borgonha, pai de D. Pedro, seu amante. É narrado, em sua maior parte, por Vasco da Gama, que conta a história de Portugal ao rei de Melindre. Considerado um dos mais belos momentos do poema, é a um só tempo um episódio histórico e lírico: por trás da voz do narrador, e da própria Inês, percebe-se a voz e a expressão pessoal do poeta. Camões, através da fala de Vasco da Gama, destaca do episódio sua carga romântica e dramática, deixando em segundo plano as questões políticas que o marcam.


GIZELIA DA SILVA
RA :1158348421

Prosa doutrinária



A Prosa Doutrinária surgiu durante o movimento Literário Humanismo, no século XV. Ao contrário do que o nome ``Doutrinaria`´ sugere, essa produção literária teve por objetivo transmitir ensinamentos, precisamente a realeza e a fidalguia, com orientações de convívio social e para as batalhas nas guerras. As virtudes morais também são lembradas, mas sempre visando alcançar o perfeito equilíbrio entre a saúde do corpo e a do espírito. É valido ressaltar o envolvimento da Nobreza com esse movimento, a ponto de as crônicas históricas passarem a ser escritas pelos próprios reis, especialmente da dinastia de Avis, com os exemplos de D. João I, D.Duarte e D. Pedro.
*Livro da Montaria, de D. João I, em que se ensina a caça ao porcos montes, considerada o desporto ideal para a fidalguia;
*    O Livro da Virtuosa Benfeitoria, do Infante D. Pedro, o Regente (nascido em 1392 e morto em 1449, na batalha de Alfarrobeira, era filho bastardo de D. João I), contém a tradução e adaptação da obra De Beneficiis, de Séneca, realizada com a ajuda de Frei João Verba, e que trata das numerosas modalidades e virtudes do "benefício", sobretudo na educação dos nobres;
*    Leal Conselheiro e Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, de D. Duarte


Adriana Alves  RA-1107307173

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Soneto de Luís Vaz de Camões



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

(Danielle Caetano)

Luis Vaz de Camões




Chorai, Ninfas, os fados poderosos
daquela soberana fermosura!
Onde foram parar na sepultura
aqueles reais olhos graciosos?

Ó bens do mundo, falsos e enganosos!
Que mágoas para ouvir! Que tal figura
jaza sem resplendor na terra dura,
com tal rostro e cabelos tão fermosos!

Das outras que será, pois poder teve
a morte sobre cousa tanto bela
que ela eclipsava a luz do claro dia?

Mas o mundo não era digno dela;
por isso mais na terra não esteve:
ao Céu subiu, que já se lhe devia.

(Luis Vaz de Camões)
Danielle Caetano

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

As crônicas de Fernão Lopes


     
  Fernão Lopes Foi nomeado Guardador-mor da Torre de Combo pelo Rei D.Duarte, que além de outras características era considerado homem de confiança do Rei. Também foi Escrivão de livros do Rei D.Duarte e do Rei D. João 1 e nesse mesmo momento teria começado a escrever crônicas dos 7 Reis de Portugal. Em suas crônicas, Fernão Lopes relatava os feitos dos Reis da Dinastia onde tudo era voltado para o Rei e onde em seu pensamento político, deixava clara a soberania deste. De todas as suas crônicas apenas três restaram, a saber: Crônica De El-Rei D.Pedro, crônica Del El-Rei D.Fernando e crônica De El-Rei D.João. 

                            Aluna: Jéssica Araujo de Oliveira


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Soneto


 “Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
                           Luís de Camões
Comentário

 No classicismo, o terceiro grande movimento literário da língua portuguesa, marca a chamada era clássica da literatura, tendo como características a valorização dos aspectos culturais, valorização dos aspectos culturais e filosóficos da cultura das antigas Grécia e Roma, influência do pensamento humanista, antropocentrismo: o homem como o centro do Universo,Camões se destacou como um dos maiores nomes.

Quézia  Ferreira