Dês i ferirom-na no braço destro de ũũ ferro qual convém a aquel mester
e o sangue começou a sair e ela se sinou e comendou-se a Nosso Senhor. E depois
disse aa dona:
- Eu som morta por guarecerdes vós. Por Deus rogade por minha alma.
E depois que a escudela foi chea de sangue esmoreceu ela e os III
cavaleiros forom-lhe ao braço e estancarom-lhe o sangue e çarraron-lhe a
ferida. E depois jouve gram peça esmorecida e acordou e disse:
- Irmão Persival, eu moiro por saúde desta dona. (Nunes, 1995:329)
Comentário:
Neste fragmento do texto nota-se
o sacrifício da donzela com a aproximação da figura de Cristo. O sangue,
símbolo da redenção cristã, é altamente explorado nesse episódio.
A aproximação com o sacrifício de Cristo estende-se até a frase que
evoca o perdão divino e exalta a piedade em relação aos opressores. O
sacrifício da irmã de Persival e o derramamento de seu sangue curam a mulher
leprosa e também permite que os três cavaleiros, presos no castelo, prossigam
suas “aventuras” em busca do santo Graal. A aparente fragilidade da jovem em
relação aos fortes cavaleiros também remete a Cristo, que como um cordeiro
sacrifical admite em si o sacrifício em favor de outros.
Elania de Fátima Rosa – 3º semestre curso de Letras
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